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Dialéticas

De todas as coisas do mundo    Sobrepostas na mesa como um banquete   De todos os cardápios ou menu     Como você preferir...      De todas as coisas do mundo                                        enfileiradas nomeadas organizadas a partir da ordem alfabética cor e utilidade                            Como você preferir...  De todas as coisas   De todas as suas certezas absolutas    De todo o teu pensamento político   Tuas preferências subjetivas     Teus costumes irracionais                              Como você preferir...  De todas as suas certezas           Nada lhe é perceptível                                   Torna-se uma incógnita   A tua certeza dialética   A tua boca de porquês   Que nada sei              
Se me amas   Se me tens   Como uma certeza   Em resposta ao teu não saber  Se me queres como cocaína   Se me cultivas na espera da flor    Se me consomes capitalistamente    Em contraposição a tua humanização   Como preferir   As coisas do mundo   sobrepostas em meu destino   Como causa e consequência de um ato infame  Ou em resposta de meus desejos infantis    Como eu preferir... De todas as certezas da vida   Seria eu se pudesse ser                       [A tua incerteza]





Hora do Rush


O sol já estava em cima de minha cabeça, horário de pique trânsito asfalto sinais buzinas. O terno e o sapato faziam parte da minha rotina, assim como os relatórios a secretária  o chefe a Regina. Das oito as seis eu era uma máquina de processos penosos servidor de chazinhos amigo falso. Quando era dispensado de minhas obrigações, sempre me dirigia a um bar que ficava na beira do asfalto. Era um bar que servia café. Eu pedi uma cerveja e a moça da mesa ao lado pediu um café. Ela pediu tão baixinho o café que o garçom lhe perguntou “o que é?” um bocado de vezes, e ela não parecia se importar em repetir quantas vezes fosse possível que  queria um café. Então, notei que a moça não queria aumentar teu tom de voz para pedir um café. Uma criança interessante, mesmo já sendo uma mulher. Enrolava a barra da saia como quem não tem o que fazer e não sabe o que quer. De tanto a observar minha cerveja virara chá, e tive de pedir outra para o mesmo garçom, que fora buscar o café da mulher. Quando ele voltou, viera com ele, numa bandeja prata fosca, minha cerveja e o café. Ele me servira primeiro e só levou depois o café. Fiquei observando a movimentação, munido de curiosidade e tédio as pessoas e a única mesa do bar que estava provida de uma xícara de café. Aquela moça carregava uma bolsa laranja e um olhar em banho Maria. Suas mãos não paravam de enrolar a saia tingida. Eu sei que tinha algo de errado com aquela menina, porque o café que pedira ao garçom ainda estava na mesinha. Suas mãos continuavam na saia enquanto seus olhos se perdiam. Procurava o que ela estava a olhar naquela avenida sombria. Vi gente descer e subir e gatos transando enquanto os cachorros latiam. Ela estava maquiada, com roupa de casa e chinelo no pé. Parecia que estava se preparando para ir ao Santha Fé. Mas não achei nada demais na longa avenida. E a menina perdida, do nada parecia refletir sobre a tua vida. Sorria ao meio dum chorinho, cor do raiar do dia, mas seus olhos de repente, seus olhos saíram do banho Maria. Sua saia amassada fora liberta das mãos e o café, intacto e frio ali, permanecia. Eu sei que tem algo estranho com aquela menina. Mas ela sorrira pra mim, e eu desconcertado virei o rosto pro cardápio. Mas curioso não aguentei e fitei-a de volta e teu rosto já estava a escrever um prefácio. Diante de todos pegara tua bolsa esquisita, e a colocara em teu colo, mas depois achou melhor a dispor na mesinha. Pediu bem baixinho pra outro garçom, uma cerveja, daquelas que é iguaria. Tomou de vagar, sem pressa, e tudo, tudo eu via. Ao terminar, tirou de sua bolsa a carteira e o cartão, mas decidiu pagar em dinheiro a conta da mesinha. Sentada ela continuou a observar as pessoas ricas, os malandros da rua, as tias da praça, as moças vadias. Fechou os olhos e de repente eu vi que o vermelho surgia. Os figurantes assustados correram seguindo a avenida, e eu paralisado e vermelho continuei sentado enquanto tudo acontecia. Deu-lhe um tiro na mente cansada, a pobre menina.




Amor em prosa



É delas meu amor cônjuge que conjugo na primeira pessoa do plural. Passo a ser delas entregando meus sapatos, dispondo as gravatas na gaveta, jogando minhas camisas e suspensórios na inércia do sofá. Sou delas quando meu peito inflama minhas artérias, flambando meu riso e verbalizando meu corpo até que se torne intransitivo. Sonho acordado com o beijo face a face da musa drummondina e com seus cabelos encaracolados presos num coque pós-moderno que, depois de desfeito os grampos e caprichos, me transporto sedento para um classicismo inexistente.  É delas a projeção de uma arquitetura romântica que de meu peito salta e pulsa vivo, na linguagem inédita dum brasileirês gingado e suado herdado de meu pai, respeitado contrabandista sentimental.  De todas as cores meu pensamento as invadem grudando em seus vestidos de chita barata, subindo pelos colares de pedraria até chegar à cara bronzeada, iluminada por tantos olhos que os homens não sabem ler. Cego-me na beleza das pernas moldadas a meias rendadas, timidamente escondidas no meio de ousadias que minhas mãos obrigatoriamente devem se arriscar. Saio de casa entregando minhas mágoas nas mãos de tantas outras que um dia me fizeram feliz, e me perco em pensamentos absurdos a respeito de mergulhos em mares opacos e volumosos, que só de cogitar, me deixa suado e cansado. É delas minha personagem fictícia, que inventa amores e enredos de verão, sonetos na praia de Copacabana, prosas e versos que se desfazem com a chegada das ondas. Sou delas, e sou triste, porque meu coração é uma pluralidade de signos indecifráveis, de amores compartilhados, que nunca será e nunca foi de uma só. 

Ato heroico

García por muito tempo fugiu do futuro. Fugiu das serras, do cheiro de bosta de vaca, dos montes preto de gente. Correu para os centros nebulosos, de fumaça opaca e encardida de pessoas vazias. García largou tua terra pequena, cujo Brasil nem sabe que existe em busca de um sonho fajuto e capitalista. Deixou joana grávida e com três pestes grudadas na saia. Ele não sabe que joana e os bicho de goiaba morreram tudo de desgraça.
Em dois anos, o grande centro o engoliu. García nunca vestiu o terno preto nem calçou o sapato esnobe. Em três meses dormiu numa cama de papel e cheirou pimenta ardida. Pegou AIDS comendo uma puta. Não que todas as putas sejam aidéticas, mas ele teve o desprazer de se deitar com uma doente. Se viciou na coca e cola. García se perdeu. Se arrependeu de ter deixado joana, os filhos, as serras. Sentiu por tempos saudades do cheiro da bosta de vaca e dos montes de gente. Morreu indigente, queimado por um segurança heroi, enquanto procurava um lugar para se aconchegar. 
Seu nome fictício é García, dum estrangeirismo que não combina muito bem com teu nariz de nordestino. 
Talvez questiones agora, confuso, num profundo estado estático de coma inerte: O que eu tenho a ver com isso?

Remetente:

São Paulo, 22 de setembro de 1998.

Mommúsin

Lhe escrevo para saudar as saudades minhas. Teu jeito conservador e revolucionário faz falta em minha desordem, assim como suas cartas que me traziam detalhes e cheiros de rotina. Os dias passam e pergunto até quando as semanas continuarão estáticas. Até quando permanecerás aí, do outro lado da fronteira? Não sei se recebeu minhas correspondências, ao menos poderia ter me telefonado de algum orelhão. As coisas estão difíceis, e você desapareceu novamente pelo universo. Preciso de ti.
Se soubesses como é gostoso amar, não me deixarias morrer de solidão. O que eu quero dizer é que sinto falta do cheiro do teu café. Mas a saudade do aroma do teu café é menor, se comparada com a saudade de sua pouca barba. Ou com o roçar de nossos pés. A minha rotina está repleta de teus tons, acordes e lálálá. As minhas calcinhas estão sambando no varal esquecidas com o teu conjunto preto e branco. Quando é que você  volta para casa mesmo?
Comprei um disco novo para ouvirmos enquanto conversamos sobre personagens de cinema, espero que lhe agrade. Tive de devolver o teu filme para a locadora, e pagar uma generosa multa porque você não fez isso antes de partir, mas é de menos. Quanto mais escrevo, mais percebo que preciso do teu amor. Sabia que o leio todos os dias? Você era um grande poeta quando me descrevia, sinto saudade de ser sua eu lírica.
Você desapareceu e não sei, de fato,se eu fizera algo contra ti. Se sim, me perdoe. Já faz alguns meses que espero sua pessoa entrar na minha vida com uma flor na mão. Minha bunda dói um pouco, por favor, não demore tanto. Ainda usa a safadeza do bigode? Encontrei uma receita de bolo de fubá que posso fazer numa tarde qualquer, mas ele vai ser somente seu porque não gosto de fubá. Estava pesquisando alguns lugares para podermos visitar. Prefere algo como Recife, ou Pernambuco? Precisamos nos decidir, para eu começar a planejar o que levar na mala, se não acabarei carregando dilúvios e você reclamará de dores nas costas porque sempre insiste em carregar minhas bagagens. 
Estou com saudades. Por que demoras tanto? Fui demitida semana passada, agora tenho mais tempo para curtir nossa pluralidade. Seria bom que estivesses aqui, pois sinto muito frio. O inverno chegou e com ele, veio a solidão de dormir sozinha. Estou meio selvagem, talvez gostaria de me ver assim nesse estado. Já escutou Fera Ferida?
Não sei se estás a receber minhas correspondências. Acho que já disse isso. Você ainda me ama? Onde estás? Fiz uma lista de afazeres para nós dois. Preciso de tuas rimas e de teus acordes. Me acorde quando chegar. Espero que esta carta não volte para minha casa, assim como as últimas escritas. Você mudou de endereço e nem me avisou?

Je t'aime.



Sete tons de azul
Vou passar nos olhos
Nos olhos de quem
Me vê passar
E colorindo meu salto
Vou saltando
Em quem me descoloriu
E vestida de branco,
Branda e de boca vermelha
Dou um beijo
Em meu passado cor de gim
Que passa sorrindo
Do que se passou
E arranhou em mim.
Já fui mulheres donzelas
Com seios de moleca
E alma de atriz.
Toca um fado
Acendo um cigarro
Mas peço um samba
Pr'eu sorrir assim.
Troco de caras
Visto minhas mágoas
Com o perfume das águas
Que passaram como o vento que exala
O cheiro do carro e das massas contrárias
Que acenam o fim.


Sertanejo

Isso nasceu de repente, e nem sabia que minha terra era fértil pra esse tipo de coisa. Já vi acontecer com as vizinhas, com o povo da televisão, e com alguns amigos da minha terra de cá, mas nunca imaginei essa coisa pra mim não. É grande e de raízes fortes, tão fortes que vai arrebentando o peito da gente até entrar pelas veias e vai subindo pra cabeça nossa até fazer a gente não pensar em outra coisa. Depois ficamos com aquela cara de besta, mostrando os dente até pra flor seca que não vingou no chão e com vontade de cantar lá em cima do morro pra ver se o resto do povo é capaz de ouvir o que se tem a dizer.
Esse bicho é danado de bravo e gostoso, mas é tão gostoso que a gente quer mais. Ah, até o feijão com farinha de cada dia que antes era numa monotonia esse bicho deu de entranhar suas raízes. E do feijão foi rasgando a vestimenta de trabalho, enraizando os  chinelos e a casa de pau, que nem aquelas planta que vai nascendo e grudando nas paredes. Tudo vai acontecendo sem o coitado perceber e partir de uma semente, que no começo é desconhecido o sujeito que jogou, vai nascendo broto em cima de broto até virar uma coisa sem proporção, mas da cor verde (ouvi falar de gente que já teve isso da cor amarela, mas não acredito não).
Lá em casa já ouvi umas história sobre  pessoas que tiveram isso. Metade teve um fim bom, outra metade teve fim ruim, e quem teve esse fim ruim chegou até amaldiçoar o coitado do Deus dizendo que isso é moléstia das sem cura. As que findaram bem, dizem por aí que até vontade de saber escrever pra descrever esse trem, diz que tiveram... Mas soube que escreveram isso muito melhor de outro jeito, ao invés de  usar caneta e papel, agora como, eu não sei, porque é segredo de cada um.
Quando deu início a acontecer comigo achei que era por causa do excesso de trabalho, mas isso nem relação com meu suar da testa tinha. Comecei a praguejar o vento, a bobear e a não me concentrar direito porque não conseguia encostar mais o diabo da cabeça no travesseiro sem ficar pensando, e nem levantar o diabo da cabeça sem continuar a imaginar. Até quando durmo  a tal da raiz vem consumir o meu sonho deixando tudo verde... No que eu fico a refletir, eu sei dizer, mas a vergonha não me deixa contar.
Quando me olho no espelho, vejo um sujeito enrugado e batido da terra e do sol, faltando três dente na boca, com os olhos vermelho que nem o pelo dos cachorros sujos e com as mãos calejadas de tanto manusear a enxada...  E assim chego a conclusão que sou velho demais pra essa coisa besta aí. Já passou do tempo, e o que me resta é trabalhar pra ter onde morrer. Nunca fui sujeito mole e não é de agora que um velho beiçudo e cabeça dura vai perder as poucas horas que a vista tem pra descansar. Procurei comprar algum remédio caseiro pra acabar com essa peste, mas não achei, e quando eu pergunto se tem, as danadas das anciãs dizem que não é remédio pra matar que eu tenho que andar atrás, e sim de adubo. Eu preciso exterminar isso antes que me mate (e antes que eu dê um jeito na próxima anciã que me oferecer adubo). Diacho, quero matar, não manter!
Os dias passavam, e toda noite eu botava a cadeira de fio na frente de casa e ficava a observar o céu, os cachorros e as criança. Realmente, se eu soubesse escrever e tivesse o dom das letras, teria escrito esse negocio de poesia por achar que o céu, os cachorros e as criança são figuras de um romance. No meu livro teria muito céu, e eu criaria uma lei ordenando que todo mundo fosse feliz, seja com raiz ou sem raiz. Eu não sei escrever, mas na esperança de expressar aquilo que explodia em mim, fui lá dentro de casa, peguei um caderninho velho e o cotoco de um lápis ruido na ponta e dei início a fazer traços e traços no papel.
Não sei se vocês percebem, mas não consegui matar a resistente raiz. Desisti de lutar contra ela, porque essa bixa é mais forte que eu, e nem se eu tivesse todo o conhecimento das grandes academias, nem se eu lesse e entendesse todas as teorias eu encontraria uma fórmula matemática ou lógica para resolver o verde da questão. E de rabisco em rabisco no papel amarelado, desenhei eu mesmo: banguelo, preto e com um sorriso na cara. Com sorriso porque depois de tantos anos descobri o significado de ser feliz.
Mas as vezes esquecia da felicidade pro demônio da raiva se apossar de mim. Ah, mas nessas hora ninguém... ninguém me segurava... Parecia o touro bravo do seu Gonçalo, babando que nem doido e dando coice no primeiro infeliz que passasse o couro na minha frente. Tinha dia que até vontade de quebrar as poucas coisas de casa me dava, mas daí eu me assentava e danava a chorar. Chorava e chorava de até formar barro no chão, e quanto mais eu chorava mais a raiz doía, e doía tanto que meu coração velho batia de vagar por causa do cansaço.
Desde moleque nunca tive privilégio nenhum na vida. Comecei a trabalhar desde cedo, e muito cedo também fui humilhado por esse povo inteligente só porque não entendia o que eles estavam a falar, e mal tratado também fui nos baile porque nenhuma mocinha deixava eu chegar perto. De tanto levar não da vida, dei jeito de chutar todos os planos que fizera eu quando novo e prometi a mim mesmo sobreviver nessa sequidão. Só que nessa sequidão até eu fui ficando seco pra não ter coisa nesse mundo que me fizesse mostrar os dente, porque não tinha interesse nenhum em coisa nenhuma, e mais valia esse povo tudo dormindo do que acordado me enchendo a cabeça.
Fui me acostumando a ser desse jeito e a deixar a vida fazer o que quer de mim, a não ter plano pra eu, a machucar os outro porque me machucaram, e a nunca fazer algo por completo. Sempre fui de começar uma coisa, mas quando eu via que o bicho tava cheio de nó, eu saía correndo, talvez é disso que tenho mais vergonha, porque hoje sei que perdi grandes coisas por não ter coragem de resolver os problema. E foi assim quando vi que essa raiz acabaria tirando meu sossego. De começo foi ruim, depois ficou bom demais, só que por ser bom demais a bicha foi crescendo tão bonita que eu fiz questão de botar uns nós nela pra ter um motivo pra abandonar e dizer que meu destino é sofrer. Fui desumano com ela e comigo e me arrependo por ter causado a morte de tantos brotinhos que no futuro seriam umas flor bem bonita. Foi por covardia, foi por pensar que meu destino seria pra sempre incerto que acabei por perder o que tinha em minhas mãos.
Tem dias que me dói o peito, quando olho pra janela da casa da frente e a vejo fechada. Mas como dói... Porém a dor maior é saber que não há outras mãos além das minhas regando esse jardim que se criou em mim, por erro meu. Escolher por deixar todas essas sementes crescerem e desenvolverem dentro de mim me dá uma dor que é gostosa de sentir, mas quando penso na janela, e nas coisa que imagino antes de deitar a cabeça na cama, essa ferida ruim deixa de existir. Ave Maria, hoje faço questão de adubar essa raiz brava para que fique mais forte (e já não desejo mais matar as anciãs, porque não se mata os sábios),  mesmo que quanto mais ela se aprofunda, mais ela dói, e de tanto doer de chorar a pouca água dos olhos, as vezes a gente pede até pra morrer. Deus, que eu fuja de todas as outras mortes, seja de bicho, de fome, de moléstia, de suicídio ou de desastre, a única morte que eu desejo, por favor, me privilegie: já que não posso colher a flor daquela janela, deixe que meu coração velho morra de tanto abrigar  raízes, pois não há raiz mais gostosa de plantar que a  raiz do amor.


Alegoria dos significantes

Angela Batista, 19. Tenho todos os anos do mundo, ao qual não sinto necessidade de revelar. Aprecio sorrir para um gato na rua, molhar-me junto com meus cadernos na chuva, rir quando é para chorar e sofrer quando tenho que sofrer. A arbitrariedade da vida me fascina, assim como o cheiro dos pés de laranjeiras. Sem rodeios, sem discurso poético, seja bem vindo, as minhas alegorias.

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